Conferência de imprensa Billy Ocean, os bons tempos do Funk em Maputo.
A BRILHANTE apresentação do músico britânico Billy Ocean, na noite de sexta-feira, respondeu positivamente aos cépticos que punham em causa a sua vinda a Maputo em função da sua idade. Com 67 anos, mostrou em palco que a voz e os passos de dança podem trazer as imagens dos bons tempos do Funk, com o jovem da década de 1980.
“Are you ready” foi o tema escolhido para iniciar a contagiante performance de hora e meia e que ao fechar com “Caribbean queen”, deixou as pessoas a concluírem que o músico devia permanecer por mais tempo em palco, afinal ainda havia muita vontade de dançar.
Era na verdade uma plateia composta por jovens das décadas de 1980 e 90, e outros de agora, que mesmo sem terem testemunhado a fase mais alta da carreira de Billy Ocean, foram ao Campus da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) ver o ídolo dos seus mais velhos.
Tal como prometeu na antevisão do seu concerto, Billy Ocean viajou, de forma initerrupta, por grande parte dos temas que o tornaram uma referência na arena musical mundial, já lá vão mais de quatro décadas.
Do repertório ouviram-se também “Upside down”, “Pressure”, “Love zone”, “Mystery lady”, “Nights”, “Colour of love”, “You send me”, “Sad songs”, “Suddenly”, “Stay tonight”, “Loverboy”, “When the going got tough”, “Get outta my dreams”.
A meio da actuação ouviu-se também “No woman no cry”. Era assim concretizada a promessa feita na conferência de imprensa de, uma vez mais, homenagear o seu ídolo, a lenda do Jazz, Robert Nesta Marley ou simplesmente Bob Marley, que o perdeu a vida a 11 de Maio de 1981.
Sem o habitual gorro, Billy Ocean subiu ao palco de fato branco a condizer com a cor dos cabelos, camisa preta e gravata. Era o início de mais uma noite memorável da plataforma “Moments of Jazz”, organizada pela BDQ Concertos.
A voz, meio rouca, mas segura, transmitia mensagens e sentimentos de serenidade, amor, paz e muita alegria entre os milhares de espectadores que não paravam de comentar a destreza com que o músico tratava o microfone.
A actuação deixou perceber que apesar de ter alguns instrumentistas mais novos, Billy Ocean consegue transmitir segurança aos seus acompanhantes, que também se mostravam firmes a levar o público ao delírio.
Billy Ocean dançou e contagiou, conversou com o público e este respondia sempre com mais vivacidade, qual saltos e sacudidelas que afugentaram as temperaturas baixas que tentavam perturbar a noite.
Era justificada dessa maneira a afirmação do músico de que se sentia em casa porque também é africano, apesar de Moçambique ser o quinto país que visita em África, depois da Nigéria, Uganda, Etiópia e África do Sul.
Tal como tornou-se prática, para além de dançar, os espectadores empunharam os telemóveis para gravar a actuação deste jovem em pleno, apesar dos 67 anos, mais de metade dos quais dedicados à música. Era o consumar de mais um espectáculo memorável nas noites de Maputo.
Fernando Luís lembra
Os meninos na fogueira
Antes do músico britânico, subiram ao palco os moçambicanos Fernando Luís e Miguel Xabindza. Coube ao primeiro, a abertura do concerto e aquecer a noite que tentava tornar-se fria.
Entre os vários temas que apresentou, Fernando Luís lembrou “Os meninos à volta da fogueira”, um tema meramente de cariz infantil, mas sem escolha lá seguiram os espectadores adultos.
Fez uma viagem em que cruzou músicas de vários quadrantes e com várias línguas, numa actuação que partia de temas mais antigos até outros mais actuais do seu vasto repertório e não apenas. Fernando Luís fazia-se acompanhar por um guitarrista e uma corista.
Por sua vez, Miguel Xabindza fez uma performance percorrendo outras latitudes, trazendo sonoridades do mundo até voltar à realidade moçambicana, com a apresentação de um pouco do seu repertório.
Foram ao todo cerca de 50 minutos de actuação dos dois músicos moçambicanos, num espaço em que ainda houve apresentação de obras de artes plásticas sobre o Jazz, da autoria de Pedro Mourana. Era a exposição “Sinfonias I”, composta por oito telas tridimensionais.
Foi um momento para estabelecer a ligação entre a música e as artes plásticas, atraindo centenas de espectadores a permanecerem no local e a captarem imagens das obras de arte enquanto decorriam as actuações musicais.
O artista plástico Pedro Mourana disse ter-se sentido bastante agradado com a experiência que acontece pela primeira na história dos grandes espectáculos no país, manifestando-se disposto a repetir a iniciativa e melhorar alguns aspectos pequenos que possam não ter corrido bem.
Ode à organização
Ano após ano ou edição após edição a plataforma “Moments of Jazz” vai apresentando melhorias no aspecto organizacional, particularmente em questões como os horários, a segurança e o saneamento do meio em que se organiza o concerto.
Os portões abriram pontualmente a hora marcada e cumpriu-se o horário do início das actuações musicais. A entrada ao local do concerto era feita com alguma facilidade dada a maneira como os acessos tinham sido instalados.
No quesito saneamento, de forma simples e com um pouco mais de criatividade a BDQ Concertos montou balneários com material simples, permitindo que os espectadores fizessem as suas necessidades com alguma normalidade e em espaços mais asseados.
Ainda sobre a limpeza, apesar de terem sido instaladas bancas de venda de bebidas no local, havia também diversos contentores para o depósito de latas, garrafas e outros recipientes em que eram servidas essas bebidas.
Também havia auxílio de colectores de lixo que emprestavam ao Campus da UEM um ambiente agradável para estar e assistir ao concerto, sem grandes perturbações. Para completar o ambiente, os espectadores colaboravam, evitando espalhar lixo no chão.
A segurança instalada conseguiu evitar a ocorrência de perturbações e na entrada ao local do concerto havia indicações até da proibição do acesso a menores de 18 anos de idade, medida cumprida à risca.
A BDQ Concertos aproveitou a ocasião para anunciar que a próxima edição, a segunda do “Noite de Guitarra”, a realizar-se em Março de 2018, vai contar com os músicos Richard Bona, que já passou por Maputo e ainda Ernie Smith, dois nomes sobejamente conhecidos no mundo do jazz.
QUEM É BILLY OCEAN?
Nascido como Leslie Sebastian Charles, a 21 de Janeiro de 1950, em Trinidad e Tobago, Billy Ocean emigrou para Inglaterra para se dedicar à música e desde a década de 1970 lançou mais de 20 álbuns discográficos.
Entre os seus temas de sucesso destacam-se “Suddenly”, “Get outta of my dreams, get into my car”, “Caribbean Queen”, “Loverboy” “There'll be sad songs to make you cry” e “When the going gets tough, the tough gets going”, este último escolhido como parte da banda sonora do filme “The Jewel of the Nile”.
Nos últimos anos, voltou a ficar popular por o seu nome ser bastante citado no seriado americano “Todo mundo odeia o Chris”, que passa numa televisão nacional, onde a personagem Tonya Rock, vivida pela jovem actriz Imani Hakim, ser sua grande fã.
A 16 de Março último, a editora A Sony Music anunciou a produção de “Here You Are: The Best of Billy Ocean”, um duplo CD com uma colecção pessoal de músicas que ajudaram o jovem Leslie Charles a se tornar o Billy Ocean.
A colectânea inclui 31 temas, entre os quais “When The Going Gets Tough, The Tough Get Going” lançado em 1986 e que durante quatro semanas consecutivas esteve em primeiro lugar nas paradas de música no Reino Unido. O disco “Here You Are: The Best of Billy Ocean” traz uma selecção com curadoria pessoal de Billy Ocean, e outros temas em que o músico empresta a sua voz, como são os casos do clássico “No Woman No Cry” e “High Tide Low Tide”, entre outros.
Durante a sua carreira, Billy Ocean venceu Grammys e suas vendas renderam mais de 30 milhões de dólares americanos. Liderou concursos de música em três continentes nos anos 70 e 80, com singles como “Caribbean Queen” e venceu três discos de platina por ter aparecido com dez discos considerados melhores do mundo.
Entre os seus albuns contam-se “Billy Ocean” (1975), “Tonigth Together” (1976), “City Limit” (1980), “Nights (Feel Like Getting Down) (1981), “Inner Feelings” (1982), “Suddenly” (1984), “Love Zone” (1986), “Tear Down These Walls” (1988), “Greatest Hits” (1989), “Time to Move On” (1993), “Love is For Ever” (1997), “Emotions in Motion” (2002), “On The Run” (2003), “The Ultimate Collection” (2004) e “Can You Feel It” e “YBC” de 2005 e 2007 respectivamente.