top of page

George Benson: a crónica de um sonho inacabado



Chegou a Maputo como quem estivesse alheio ao que iria acontecer no dia seguinte. Estiloso a sair do Aeroporto Internacional de Maputo, ao aperceber-se da presença da imprensa sorriu com suavidade e deixou uma promessa: cantar e tocar as músicas mais conhecidas pelos moçambicanos. Até aí, parecia o afamado cliché que pululam as páginas dos jornais nessas circunstâncias. Mas aquele homem que com 10 anos já tinha um single gravado vinha dos Statescom lição bem ponderada, afinal, as rugas da velhice reflectiam simultaneamente idoneidade.


A quarta-feira tão aguardada pelos espectadores mais exigentes chegou. A hora prevista para o início do espectáculo também. E nada. O astro norte-americano não subia ao palco montado na tenda gigante do Campus Universitário da UEM, em Maputo. Nisso, as pessoas não se fartavam de esperar. A ocasião justificava toda espera do mundo. E zás, num ápice o músico americano chegou de limousine vermelho e quase que ninguém deu por ele. O mesmo já não se pode dizer quando minutos depois um homem robusto, trajado de blazer azul, camiseta e calças pretas, se as luzes não conspiraram uma farsa, apareceu aos holofotes. Aplausos, sorrisos e satisfação imediata. George Benson estava em placo. Calmo e com a convicção de que os seus fãs sairiam da Universidade Eduardo Mondlane com um sonho realizado, tal como sucede com os estudantes que lá estudam. E Benson não se poupou. Logo arrancou simpatias numa actuação muito calorosa. Qual frio incomodaria ao auditório?


De facto, honrando a promessa feita na véspera, George Benson cantou e tocou temas bem conhecidos pelo público moçambicano, que sempre o acompanhou, entre sussurros e brados desafinados. Nada de grave, a missão que lhes competia, afinal, era aplaudir caso gostassem. E o auditório gostou de ouvir, muitos pela primeira vez ao vivo, “In your eyes”, “One more time”, “Gime me the night”, tendo quase delirado quando o músico cantou um outro tema bem antigo: “Nothing’s gonna change my love for you”. A tenda cheia de gente quase entrou em ebulição. Benson actuava como nunca, com aquele propósito constante de brilhar como sempre. E a banda ajudou imenso. Um pianista e baixista de elevada qualidade foram a combinação perfeita ao lado de um baterista com mil e uma mãos. E o que dizer da senhora percussionista, elegante como ninguém e talentosa como ela própria? Benson é armalhão! Veio com tudo, partiu a louça com cerca de vinte músicas cantadas e conquistou mais fãs. Pena que o sonho inacabado tinha que durar duas horas.


Fonte: O País


Featured Posts
Recent Posts
Archive
Search By Tags
No tags yet.
Follow Us
  • Facebook Basic Square
  • Twitter Basic Square
  • Google+ Basic Square
bottom of page